• 11/26/2014

Estudo pesquisa conceitos de utilização dos solos nas florestas tropicais das montanhas do Equador

Agricultura e silvicultura protegem a floresta tropical

Como poderá ser contido o desflorestamento das florestas tropicais? Uma abordagem será voltar a explorar e rentabilizar as terras de cultivo, conforme mostra uma equipe internacional de pesquisa* em <i>Nature Communications</i>. Os cientistas pesquisam as regiões montanhosas do Equador: Nestas regiões, em particular, não só o reflorestamento foi bem-sucedido, como também o aproveitamento intensivo dos prados. Ambos os conceitos representam não só um balanço ambiental favorável, mas também vantagens econômicas claras.

Para ambas as imagens: As queimadas em florestas tropicais são uma prática generalizada para a obtenção de terrenos de utilização agrícola. (Fotografia: Jörg Bendix / Universidade de Marburg)
As superfícies de floresta tropical desmatada são maioritariamente utilizadas como pastagens - também por camponeses no Vale de Los Gabos no Equador. (Fotografia: Eduardo Tapia/ Universidade de Erlangen; Ecological Studies 198 (2008), S. 31)

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Todos os anos desaparecem 130.000 quilômetros quadrados de floresta tropical da terra, o que corresponde a uma área equivalente à superfície da Nicarágua. As áreas desmatadas são, na maior parte dos casos, utilizadas para a agricultura. Isto também é válido para as florestas tropicais situadas nas regiões montanhosas. Contudo, o solo rapidamente volta a ficar coberto de vegetação infestante, em especial  de samambaias.  As samambaias não se deixam exterminar de forma permanente, nem com herbicidas, nem recorrendo a queimadas. Por conseguinte,  os agricultores frequentemente desistem desses terrenos após pouco anos de exploração, preferindo desflorestar novas superfícies. 

"É necessário quebrar este ciclo", afirma o Professor Thomas Knoke, diretor do Instituto de manejo florestal sustentável  da Technische Universität München (TUM). É ele o autor principal do estudo que foi agora publicado. "Investigamos, por isso, se  e de que forma seria possível recultivar os pastos abandonados."

Os diferentes conceitos não foram só avaliados em termos dos seus benefícios econômicos. Pela primeira vez levaram-se também em consideração critérios ecológicos e socioculturais. Entre eles, por exemplo, a captação de carbono e azoto nas plantas e no solo, a produção de biomassa, a qualidade do solo, o impacto do clima e as reservas hídricas, bem como a aceitação por parte dos agricultores.

Utilização sustentável dos solos

A área pesquisada (aprox. 150 hectares) está localizada nos Andes Equatorianos, a uma altitude de 1.800 a 2.100 metros. Os pesquisadores analisam cinco conceitos diferentes:

  • nenhuma exploração - as pastagens abandonadas ficam entregues a si próprias,
  • utilização silvícola - plantação de uma espécie de amieiro autóctone,
  • utilização silvícola - plantação de uma espécie de pinheiro importada,
  • utilização extensiva de pastagens - deservagem mecânica, seguida de utilização após fertilização inicial,
  • utilização intensiva de pastagens - deservagem química, seguida de utilização com fertilização regular.

A florestação com amieiros e pinheiros revelou-se particularmente sustentável. A longo prazo, as terras arborizadas são a melhor proteção contra a erosão. "Além disso, o nosso estudo demonstrou que o reflorestamento  com a espécie autóctone de amieiro dos Andes influencia de forma notoriamente favorável a regulagem do clima e da água, comparativamente às outras opções de utilização, explica o Prof. Jörg Bendix da Universidade de Marburg.

Direito de opinião para os agricultores - um factor de avaliação importante

Nas regiões reflorestadas podem, além disso,  pouco a pouco, voltar a existir plantas e animais típicos da floresta tropical. A utilização intensiva de pastagens obteve um valor ecológico notoriamente melhor do que a utilização extensiva de pastagens. Os benefícios econômicos resultam da venda de madeira (reflorestamento) ou de carne e leite (pastagens). As plantações de amieiro obtiveram as maiores receitas.

Devido ao melhor balanço ambiental das florestas e às melhores possibilidades de lucro a longo prazo, a maior parte dos criadores de gado (indígenas saraguros e colonos mestiços imigrados) também vê o reflorestamento como a opção de utilização preferível - segundo um inquérito realizado. "Para assegurar o sucesso dos conceitos de recultivo, deverão ser sempre incluídos também os utilizadores das terras", esclarece Bendix.

Modelo para outras regiões montanhosas tropicais

As abordagens de utilização sustentável estão aliadas a custos. Num período de 20 anos, caso prescindam de queimadas, os agricultores terão uma receita menor ano após ano: 87 dólares americanos por hectar no caso da florestação e 100 dólares americanos por hectar no caso de utilização intensiva de pastagens. Na opinião dos cientistas, o pagamento de compensações para o recultivo das terras é um forte incentivo para o replantio das antigas áreas de pasto. A longo prazo, o comércio com certificados de CO2 também poderia se tornar uma fonte de receitas adicional.

Os cientistas veem o seu estudo também como um modelo para a avaliação de conceitos de recultivo em outras florestas tropicais de regiões montanhosas como, por exemplo, no Brasil ou na África. "Os terrenos agrícolas abandonados constituem um enorme recurso, até agora não utilizado", resume Thomas Knoke. "Estão atualmente em curso projetos apoiados pela comunidade científica alemã que visam  implementar os resultados do estudo em colaboração com agricultores no Equador", acrescenta o Prof. Erwin Beck da Universidade de Bayreuth, que aí iniciou a pesquisa há 17 anos. 

* Este estudo envolve cientistas das seguintes instituições: Universidade Técnica de Munique, Universidade de Bayreuth; Universidade de Marburg; Universidade de Erlangen/Nürnberg; Universidade Técnica de Dresden; Universidade Justus Liebig em Gießen; Universidade National de Loja, Equador; Universidade Técnica Particular de Loja, Equador; FLACSO, Quito, Equador; CATIE, Turrialba, Costa Rica.

O estudo foi promovido pela DFG - Sociedade Alemã de Amparo à Pesquisa (áreas de investigação 402 e 816).

Mais informação: 

Publicação:
Afforestation or intense pasturing improve the ecological and economic value of abandoned tropical farmlands; Thomas Knoke, Jörg Bendix, Perdita Pohle, Ute Hamer, Patrick Hildebrandt, Kristin Roos, Andrés Gerique, María L. Sandoval, Lutz Breuer, Alexander Tischer, Brenner Silva, Baltazar Calvas, Nikolay Aguirre, Luz M. Castro, David Windhorst, Michael Weber, Bernd Stimm, Sven Günter, Ximena Palomeque, Julio Mora, Reinhard Mosandl & Erwin Beck, Nature Communications, DOI: 10.1038/ncomms6612.

Contato:
Prof. Dr. Thomas Knoke
Technische Universität München (TUM)
Instituto de manejo florestal sustentável
Tel.: +49 8161 71-4700
knokespam prevention@tum.de
http://waldinventur.wzw.tum.de

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